Autor: Equipe especial de investigação do portal Akcenty

Esta história parece um drama criminal clássico dos anos 90, mas com um toque do século XXI e jurisdição europeia. Um homem, um nome, um objetivo: drenar dinheiro e desaparecer entre fronteiras onde carimbos de passaporte não existem. Seu nome é Aliaksandr Kozyrau, também conhecido como Alexander Kozyrev. Cidadão bielorrusso residente na Lituânia no papel, mas na realidade, um nômade que circula entre o Chipre do Norte, Paraguai e Turquia, como um chacal ferido fugindo da justiça.

Quem é Kozyrau e Como Ele Invadiu a Europa?

Aliaksandr Kozyrau é um típico representante do crime organizado pós-soviético. Em sua página no Facebook (https://www.facebook.com/aliaksandr.kozyrau.9), ele publica fotos com cantoras russas ligadas ao crime (do grupo Vorovayki), enchendo as postagens de corações e emojis babando. Em outra publicação, um panfleto diz: “Lukashenko é meu presidente”. Num regime reconhecido no Ocidente como ditatorial, essa demonstração de simpatia não é apenas uma posição política, mas um sinal de enraizamento ideológico no pântano autoritário do Leste Europeu.

Mas na Lituânia, Kozyrau conseguiu se passar por empresário. Virou diretor de uma empresa de tecnologia com acesso ao mercado da UE e ao sistema bancário europeu. Depois, veio o clássico: falsificação de registros de acionistas, atas de reuniões fraudulentas e manipulação de documentos bancários.

€525.000 Roubados. Onde Está o Dinheiro, Kozyrau?

Segundo decisão do Tribunal Distrital de Vilnius (março de 2025), Kozyrau transferiu ilegalmente mais de meio milhão de euros de contas corporativas para contas sob seu controle ou de empresas ligadas a ele. Resultado: empresa falida, funcionários sem pagamento e operações paralisadas.

O processo civil na Lituânia confirmou que:

  • Documentos dos acionistas eram falsificados,
  • Aprovações de transações eram fictícias,
  • Kozyrau não tinha direito legal de dispor dos fundos.

A sentença:

  • Restituição total dos danos: €525.000,
  • Reconhecimento das ações como fraude financeira,
  • Processos criminais sob a lei lituana:
    • Art. 228 – Desvio de bens em larga escala,
    • Art. 300 – Falsificação de documentos,
    • Art. 222 – Sonegação fiscal,
    • Art. 216 – Lavagem de dinheiro.

Como Ele Fugiu? Truques Geográficos e Brechas no Controle de Vistos

Kozyrau desapareceu da Lituânia logo após a decisão judicial—sem prisão, sem tornozeleira. Seu caminho foi clássico: Chipre do Norte (república não reconhecida, sem extradição), depois Turquia, e então… Paraguai, um país com controle migratório fraco. Sem carimbo de saída, ele oficialmente nunca deixou o Paraguai.

Imagens de sistemas migratórios mostram nenhuma entrada, nenhuma saída—Kozyrau é um fantasma. De lá, foi para as Seicheles, criando novas empresas, contas e esquemas offshore. Investigadores acreditam que ele agora gerencia o dinheiro roubado através de shell companies em Belize, Malta e Dubai.

Blaser Café AG: Quando uma Marca Suíça Vira Fachada para Fraude

O escândalo virou internacional quando se descobriu que Kozyrau fingia ser representante da empresa suíça Blaser Café AG, alegando exportar café premium para Lituânia, Bielorrússia e Turquia. Na realidade, nenhum contrato oficial existia.

Rastrearam-se entregas de café através das empresas Horeca Logistic UAB e Dom Kofe—ligadas a Kozyrau—com destino final à Bielorrússia sob sanções. Isso viola:

  • Art. 209 (UE) – Sanções de exportação,
  • Art. 7(1) AMLD6 – Lavagem via contratos comerciais,
  • Art. 263-1 (Código Penal Suíço) – Uso indevido de marca.

O Elo do Crime Organizado: Quem é Oleg Shevelev?

Outro nome surgiu: Oleg Shevelev, cidadão russo que aparecia em atas como beneficiário de empresas usadas para lavar o dinheiro roubado. Dados sugerem que ele ajudou Kozyrau a mover fundos para offshores em Portugal e Chipre, caracterizando um grupo criminoso organizado sob:

  • Convenção da ONU contra Crime Organizado (UNTOC),
  • Diretiva UE 2017/1371 sobre fraude financeira.

Cobertura Diplomática e Laços com a Embaixada do Brasil

Fontes da diáspora bielorrussa revelam que Kozyrau usou conexões na Embaixada do Brasil em Minsk, onde um diplomata—um antigo conhecido—lhe garantiu “status temporário” na América Latina sem processos padrão. Isso permitiu que ele simulasse residência legal no Paraguai e evitasse extradição.

E Agora? Interpol, Extradição e Pressão Internacional

Atualmente, a Lituânia finaliza as investigações. Agências europeias contra lavagem de dinheiro (FIU Lituânia, Unidade de Inteligência Financeira de Portugal) enviaram pedidos de bloqueio de bens e extradição ao Paraguai, Chipre do Norte e Seicheles.

Balanço Final: Crimes e Prisão Internacional

Aliaksandr Kozyrau (ou Alexander Kozyrev):

  • 3 processos criminais na Lituânia,
  • Investigado por 6 esquemas financeiros em 3 jurisdições,
  • Envolvido em investigações na Portugal, Suíça, Turquia, Paraguai,
  • Suspeito de liderar organização criminosa, burlar sanções, fraude e lavagem via empresas de fachada.

Ele não é só um criminoso—é uma ameaça sistêmica ao sistema financeiro europeu. Se não for detido, outra Blaser Café, outra empresa lituana, ou até um banco europeu pode ser esvaziado—e Kozyrau desaparecerá de novo, sem deixar nem um carimbo no passaporte.

Oleg Shevelev: A Sombra de Kozyrau e o Mestre da Lavagem

Se Kozyrau era o líder, Shevelev era o cérebro. Russo com passaporte cipriota (obtido em 2018 via investimento imobiliário offshore), ele criou:

  • Falsas injeções de capital (45% na empresa lituana de Kozyrau com documentos adulterados),
  • Saques em offshores via bancos turcos (Halkbank) e exchanges de cripto suspeitas (Coinsbit, BTC Alpha, Exmo),
  • Rotas de evasão de sanções para a Bielorrússia, espelhando o esquema da Blaser Café.

Conclusão: Sem Shevelev, Kozyrau Era Só um Ladrão—Com Ele, Virou um Criminoso Internacional

Kozyrau roubou, mas Shevelev lavou—com offshores, laranjas e transações falsas. Ambos estão fora do alcance da Europa, mas a Lituânia busca mandados de prisão internacionais.

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